A maior manifestação de descontentamento da classe médica de sempre levou 3000 profissionais à Avenida João Crisóstomo, em frente ao Ministério da Saúde. A greve de ontem (e que continua hoje) teve uma adesão de 95% e pretende defender o SNS e o direito dos portugueses à saúde.
O Ministério da Saúde ainda tentou apelar à desconvocação mas os sindicatos e a Ordem mantiveram-se irredutíveis.“Numa altura em que a comunicação está muito facilitada, não houve nenhum diálogo consequente do Sr. Ministro com os médicos” afirmou Bernardo Vilas Boas, Presidente da Direção da USF-AN, que esteve ontem presente na manifestação e discursou ao lado do Bastonário dos Médicos e dos dirigentes sindicais.“A greve está a servir para colocar na agenda dos média e da sociedade a defesa da qualidade dos cuidados, da dignidade da profissão médica e do SNS como imperativo e emergência nacional. Ao mesmo tempo esta luta é a melhor forma de contrariar aqueles que colocam em causa estas garantias e avanços civilizacionais” disse ainda o dirigente.
Estiveram presentes várias gerações de médicos, entre eles milhares de jovens preocupados com um futuro de desemprego e de ausência de carreiras com avaliação e progressão dignas. Pela primeira vez, dois sindicatos (FNAM e SIM), a Ordem dos Médicos, a USF-AN, associações de especialidades médicas, os Médicos Unidos e a comunidade académica estiveram presentes numa manifestação.
Bernardo Vilas Boas afirmou que “a Reforma dos CSP foi a melhor resposta ao problema dos utentes sem médico de família, foi a melhor aposta na qualidade, no acesso e na eficiência. Mais USF é uma exigência dos profissionais e dos utentes. Apesar da postura do Ministério, esta Reforma é irreversível”. “ Temos de denunciar os malabarismos que o Ministério está a fazer para adormecer cidadãos e atribuir médico de família de forma artificial”, disse ainda.
Numa greve nacional, em que até o Movimento de Utentes dos Serviços de Saúde (MUSS) estive solidário com os médicos, aguarda-se agora a posição do Ministério. “ Esta luta está a servir para garantir a universalidade e equidade dos cuidados e evitar a desqualificação do trabalho, nomeadamente dos médicos e dos outros profissionais de saúde” concluiu o Presidente da USF-AN.