Texto de Bernardo Vilas Boas
Neste momento estão extintas ou em extinção estruturas e equipas fundamentais para o apoio e desenvolvimento das USF modelo A e modelo B e aumentaram os fatores que levam a prever a utilização do modelo C como mais uma forma de gerar lucro fácil e de fazer ruir os alicerces do SNS, que são os cuidados de saúde primários.
Penso que a limitação ao setor social e cooperativo se deve a razões tácticas pois há, no chamado setor social, interesses privados e o setor cooperativo pode ser um patamar de transição para interesses privados. Salientamos por exemplo que existem atualmente casos concretos de convenções em que os custos de medicamentos e MCDT são 4 vezes superiores aos das USF da mesma região.
Não é por acaso que o grupo de trabalho para a criação de USF modelo C foi criado ao mesmo tempo que é extinto o grupo de trabalho para o desenvolvimento dos CSP. E não é por acaso que os respetivos pareceres, cerca de trinta, ficaram na gaveta. Em áreas críticas, como a da missão e dimensão dos ACeS, como a das listas de utentes e do estratagema dos “adormecidos”, entre outras, as orientações adotadas foram totalmente contrárias.
O anúncio do modelo C surge ao mesmo tempo que falham o apoio e o investimento nas USF modelo A e modelo B. Falha o apoio para novas USF e para novas candidaturas, há atrasos na contratualização, há atrasos na avaliação,… O risco é precisamente o de se atrasar deliberadamente respostas no quadro da autonomia e responsabilidade, de se degradar a prestação de cuidados no SNS, facilitando a iniciativa privada.
Veja as declarações de Bernardo Vilas Boas ao jornal Tempo Medicina sobre as USF modelo C