No passado dia 20 de setembro, João Rodrigues participou no debate «USF geradoras de valor em saúde: um “mito urbano?”», que decorreu na Nova School of Business & Economics, no qual se contou com as argumentações opostas de José Luís Biscaia e Pedro Pita Barros, sendo este debate moderado pela jornalista Dulce Salzedas.
O ponto de partida deste debate foi uma pergunta simples: podemos afirmar com segurança que o modelo USF é a melhor forma de organizar os cuidados de saúde primários?
Iniciando a exposição, tentando provar que as USF são geradoras de valor em saúde, José Luís Biscaia parte dessa premissa afirmtiva para desenvolver a sua defesa.
Associada a esta premissa e numa breve apresentação, José Luís Biscaia demonstrou que as USF são o modelo de prestação de cuidados de saúde mais adequado para servir os portugueses, demonstrando ganhos relevantes para a saúde e para o país.
As USF são um modelo de prestação de cuidados de saúde com uma identidade própria, organizações aprendentes e democráticas. Partem de uma construção voluntária, ultrapassando um processo de candidatura, que, se aprovada se traduz no desenvolvimento de equipas de saúde multiprofissionais e autónomas com responsabilidades e prestação de contas à população que servem.
Ao longo do seu percurso de vida, as USF têm demonstrado que dão o acompanhamento mais adequado e contínuo na doença crónica, na resposta atempada à doença aguda e também na promoção da saúde e prevenção da doença. Ao mesmo tempo, verificamos que no acesso à saúde, as USF, principalmente as de modelo B, estão no topo dos melhores resultados do país. Associado a isto, indicadores financeiros demonstram que, mesmo com melhores números na avaliação de diversos indicadores de saúde, as USF modelo B são ainda mais baratas para o Governo, gerando uma poupança que ronda os 103M de euros anuais, comparativamente ao modelo tradicional (UCSP).
Do outro lado do debate, Pedro Pita Barros questiona se «todas as UCSP deveriam ser abolidas a favor do modelo USF».
Para esta premissa, argumenta com a existência de profissionais que não se sentem motivados a assumir a “autonomia” que as USF exigem. Ao mesmo tempo, questiona se o modelo de incentivos agradará a todos os profissionais de saúde. Com uma abordagem mais detalhada, Pedro Pita Barros deixa a observação de que um sistema de incentivos muito parametrizado pode desviar o olhar/avaliação das subjetividades, ou seja, admite que existem dimensões nos CSP que não serão fáceis de parametrizar, o que poderá desviar da subjetividade de cada utente, aquando do contacto realizado.
João Rodrigues, em representação da USF-AN, acentuou a necessidade da Administração criar condições de igualdade entre as diferentes Unidades Funcionais do Centro de Saúde. Admitindo que poderão existir profissionais que não se sentem motivados para evoluir para um modelo organizacional de USF, mais autónomo, aprendente e focado na cidadão, ficando assim em UCSP, reclama a necessidade de uma gestão equilibrada por parte dos decisores, nomeadamente no que diz respeito aos recursos estruturantes, como as infraestruturas e equipamento clínico e informático. Segundo João Rodrigues, o cidadão é o maior prejudicado com esta falta de gestão nos CSP. O país, não pode continuar a alimentar portugueses de primeira e de segunda!
Confiante de que as USF geram valor em saúde, Manuel Oliveira, membro da CNCSP, realçou que para além dos ganhos em saúde mais diretamente relacionados com o cidadão, podemos ainda verificar a evolução da carreira de enfermagem que as USF foram geradoras. Existe neste momento acordo relativamente à especialidade de enfermagem de saúde familiar, o que representa um momento evolutivo e de reconhecimento para a profissão de enfermagem. Esta especialidade surgiu apenas porque as USF assim o exigiram.
Para o cidadão, não há dúvidas de que as USF estão no topo das Unidades prestadoras de cuidados de proximidade. Este facto confirma-se quer pelos resultados do estudo “A voz dos utilizadores”, realizado pelo Prof. Pedro Lopes Ferreira do CEISUC, quer pelos resultados do estudo “Avaliação de custos-consequências das USF B e UCSP” realizado pela CNCSP.
Posto isto, perante todos os presentes no debate, acreditamos que ficou claro que o caminho a seguir é o de criação de mais USF, generalizando o modelo a todo o país.
A USF-AN reclama USF para todos os cidadãos! Conheça e partilhe o nosso panfleto!
Vamos acabar com as desigualdades no acesso a cuidados de saúde primários com qualidade. Precisamos de mais USF!
A Direção