Novos Diretores Executivos, velhos sistemas

As nomeações da ARS Norte para Diretores Executivos dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACeS) continuam a surpreender pela negativa, evidenciando o compadrio político ao invés da competência e do mérito como ainda recentemente defendeu o Sr. Primeiro-Ministro no discurso do Pontal.

Dos 12 novos Diretores nomeados, 8 não têm qualquer experiência na área da saúde e 9 não pertencem aos mapas de pessoal do SNS.

O Decreto-Lei 28/2008 que regula os ACeS refere como critérios preferenciais de designação: a) A competência demonstrada no exercício, durante pelo menos 3 anos, de funções de coordenação e gestão de equipa, e planemanento e organização, mormente na área da saúde; b) A formação em administração ou gestão, preferencialmente na área da saúde.

A lei, não está a ser cumprida. O Sr. Ministro da Saúde descarta-se de responsabilidades, argumentando que as nomeações são da responsabilidade das ARS. Efetivamente poderiam ser se tais tivessem sido por ele delegadas como, aliás, permite a legislação. Mas o que se verificou neste processo foi que a ARSN propôs e o Sr. Ministro aceitou e assinou os respetivos despachos de nomeação.

Como é possível o Sr. Ministro assinar despachos em que afirma nomear com base na competência técnica, aptidão, experiência profissional e formação adequada evidenciadas na respetiva sinopse curricular, quando quase todas revelam exactamente o contrário?

A USF-AN lamenta que o critério preferencial tenha sido, não o que a lei determina, mas o clientelismo político.

As atuais nomeações, ao preterirem as capacidades e experiência dos técnicos do SNS, humilham os seus profissionais que, há longos anos, têm vindo a construir um modelo de referência no quadro das nações desenvolvidas.

Por outro lado o Ministério da Saúde admite criar mega-ACES, sem fundamentação que o justifique, desrespeitando estudos prévios, a lei em vigor e as recomendações do Grupo Técnico para o Desenvolvimento dos CSP.

Este conjunto de ações poderá determinar um rude golpe na qualidade dos serviços e deteriorar as prestações assistenciais que nos últimos anos tanto têm melhorado com a implementação da reforma dos CSP.

A USF-AN será, sempre, frontalmente contra as ilegalidades que se têm verificado e continuará a pugnar pela implementação da autonomia gestionária dos ACES prevista no Decreto-Lei 28/2008 e pela transparência e fundamentação dos critérios de nomeação dos Diretores Executivos dos ACES.

Continuaremos disponíveis para colaborar com qualquer governo, com qualquer ministro ou administração na base dum SNS que conjugue Proximidade, Qualidade e Sustentabilidade. Mas nunca pactuaremos com aquilo que hoje aqui vimos denunciar.