A Acreditação (Programa Nacional de Acreditação em Saúde, modelo da ACSA em colaboração com a DGS) das Unidades de Saúde Familiar surge como uma metodologia de trabalho destinada a favorecer e a impulsionar a melhoria contínua da qualidade dos cuidados prestados ao cidadão.
Estar acreditado significa ter reconhecimento externo e público de que a unidade cumpre os requisitos necessários para desenvolver e prestar cuidados de saúde de qualidade, em segurança, e que implementou o seu próprio programa de melhoria contínua da qualidade.
O Processo de Acreditação tem por base o processo de autoavaliação e o ciclo de melhoria contínua, utilizando a metodologia PDCA a aplicar a cada standard: P: Planear (como se avalia a concretização do standard + definir funções + adequar recursos); D: Cumprir (executar); C: Avaliar (identificar os desvios); e A: Adequar (corrigir e melhorar).
Neste processo de melhoria contínua, as auditorias internas devem ser rotina, uma vez que têm como principal objetivo verificar o grau de conformidade e manutenção do programa de melhoria da qualidade implementado. Os resultados obtidos geram permanentemente ações de melhoria.
Nesse sentido, para a realização duma auditoria interna devem ser respeitados dez (10) passos fundamentais:
- Obter o apoio e envolvimento de todos os profissionais;
- Acordar as áreas a serem submetidas à auditoria;
- Identificar quem irá fazer a auditoria;
- Determinar os objetivos da auditoria;
- Estabelecer normas (checklist, standards ou critérios) para medir o desempenho atual (plano de auditoria);
- Recolher dados fiáveis e válidos (auditoria);
- Verificar os resultados e identificar as melhorias (relatório);
- Validação do relatório com plano de ação;
- Implementar o plano de ação (melhoria contínua);
- Avaliar em nova auditoria e relatar novamente.
As auditorias internas devem ser aplicadas a qualquer ato clínico, avaliação de qualquer área do processo estrutural, avaliação do resultado que se obteve na proteção dos dados clínicos ou na aplicação dos consentimentos informados.
Na USF Serra da Lousã, ao iniciar-se o processo em 2010, foi estabelecida uma estratégia de implementação e monitorização das auditorias internas que passou por:
- Realizar formação interna – formação-ação, a todos os profissionais da USF, em metodologia de 5s, processos de auditoria, elaboração de checklist, fluxogramas, elaboração de relatórios de auditorias, comportamento do auditor e conhecimento sobre proteção de “dados pessoais” e segurança da informação clínica.
- Aprovar as áreas a auditar e validar as checklist de todas as áreas. Aprovar o plano geral da auditoria interna.
- Definir a metodologia das auditorias:
- Para cada área foi definida a equipa de auditoria interna, a respetiva checklist a auditar e o dia e hora previsível do início.
- Equipas de auditores constituídas por 2 a 3 profissionais, sendo um deles responsável da área/espaço/processo a ser auditado.
- Obrigatoriedade de todos os profissionais da USF participarem no processo de auditoria interna, sendo obrigatória a alternância de área a auditar, tendo como objetivo que todas as equipas tenham auditado todas as áreas.
- Se na fase de visita/auditoria os auditores tiverem dúvidas podem solicitar a presença do coordenador ou de outro profissional que esclareça a matéria.
- Cada equipa de auditores deve utilizar como base da auditoria o plano geral de auditoria interna para a respetiva área, onde constam os critérios a serem verificados. Deve ser realçado no relatório final se as não-conformidades da última visita foram corrigidas.
- Até 72 horas após a realização da auditoria o relatório deve ser enviado via e-mail ao interlocutor do programa que o valida e envia para todos.
- É definida a data até à qual devem estar resolvidas as não conformidades encontradas e a data da realização da próxima auditoria interna.
A realização periódica e rotineira de auditorias internas garante que, após a implementação do programa de melhoria da qualidade e a obtenção da acreditação, se pode continuar a beneficiar dos resultados, conservar as mudanças instituídas, corrigir as não conformidades que vão surgindo ao longo do tempo e introduzir ações de melhoria.
As auditorias internas passaram a ser um dos principais segredos do (nosso) sucesso!
Paula Braga da Cruz
Médica de Família na USF Serra da Lousã