A Sociedade Portuguesa de Diabetologia, realizou no Centro de Congressos do Algarve em Vilamoura, o 18º Congresso Português de Diabetes nos dias 10, 11 e 12 de março. A USF-AN, representada pela vogal da direção, Ana Paula Ferreira, integrou a comissão de honra num evento de excelência na formação pós-graduada de muitos profissionais de saúde na área da diabetes.
A diabetes representa uma das doenças crónicas mais prevalentes no Mundo. Em Portugal a sua elevada prevalência tem um importante impacto social e sobre o sistema de saúde. Este encontro teve a participação de especialistas nacionais e estrangeiros de reconhecida categoria científica, que trouxeram à discussão temas da atualidade nas diferentes áreas da diabetes. O programa deste congresso espelhou a abordagem multidisciplinar e a necessidade em atuar, procurando abranger o capital humano e as áreas fulcrais a discutir, desde as novas tecnologias, a terapêutica, nutrição, exercício físico, educação terapêutica, motivação, impacto da doença e gestão de complicações e até a construção de bairros felizes. Contou com a participação ativa de um largo número de médicos de várias especialidades (médicos de medicina geral e familiar, medicina interna e endocrinologistas, mas também, cardiologistas, nefrologistas, oftalmologistas, pediatras, obstetras, cirurgiões, entre outros) e ainda de elevado número de enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, pedologistas, cientistas/investigadores, etc. No que aos cuidados de saúde primários diz respeito, o relatório da OCDE de 2021 relativo a Portugal, evidencia as baixas taxas baixas de hospitalizações evitáveis por diabetes, atingindo 56 hospitalizações por 100 000 habitantes em 2019, o que corresponde a menos de metade da média da UE de 140 hospitalizações por 100 000 habitantes, salientando que estes dados sugerem cuidados de saúde primários eficazes.
Portanto, são múltiplas as áreas científicas e os recursos humanos envolvidos no estudo e no combate da diabetes e que advogam os cuidados centrados na pessoa e a abordagem multidisciplinar, mas que são unânimes em afirmar que os resultados poderiam ser melhores. Assim, o que está a faltar?
Na nossa perspetiva, temos de mudar o modelo de abordagem e entender a pessoa na complexidade de sua situação clínica, com diabetes ou sem diabetes, com ou sem comorbilidades, inserido num contexto familiar e comunitário, e aos cuidados de uma equipa multiprofissional em continuidade nos diferentes níveis. Mais do que investir numa consulta de diabetes, o foco deve estar na otimização do percurso do utente no sistema de saúde, consensualizando e clarificando a atribuição de papéis e a divisão de tarefas dentro da equipa e com a participação dos utentes tendo em conta o entendimento que têm e a priorização que fazem dos seus problemas de saúde.
A Direção
*Veja a mensagem do Vice-presidente da Direção, Bruno Moreno AQUI.