Assistimos à disseminação do modelo ULS pelo território nacional, onde diversos grupos de trabalho já apresentaram ou estão a apresentar o seu “Plano de Negócios”.
No entanto, desconhecendo outro modelo ULS que tenha sido apresentado pela Direção Executiva do SNS, reconhecemos que o modelo ULS atual, que designamos de ULS 1.0, apresenta fragilidades no financiamento, contratualização, governação clínica e sistemas de informação. Assim:
- as ULS 1.0 gerem a sua dívida, uma vez que o modelo de financiamento existente, só permite “colocar a máquina a funcionar”, não permite fazer investimentos para gerar a competitividade necessária no SNS, nem atende às necessidades, em cada momento, da população;
- o atual modelo gera dificuldades na gestão de RH e na gestão dos sistemas de informação; de facto, a fragmentação de cuidados entre os diversos níveis de prestação e a falta de interoperabilidade dos sistemas informáticos geram uma dispersão de dados, dificultando a produção de informação e de conhecimento; não existindo um Processo Clínico Eletrónico Único não é possível uma visão agregada da jornada da pessoa no sistema, não sendo também possível um verdadeiro apuramento de custos; em súmula, os sistemas de informação que suportam CSP e Cuidados Hospitalares não comunicam entre si e não promovem os cuidados integrados;
- a contratualização dos CSP e dos Cuidados Hospitalares mantém-se separada;
- não existe uma governação clínica norteada pelos princípios de uma integração vertical de cuidados.
É partindo desta reflexão e das preocupações já comunicadas pela USF – AN, que, dada a ausência até ao momento, por parte da Direção Executiva do SNS, de uma definição de conceito do que é uma “ULS diferente”, que a USF- AN vem relembrar a necessidade de discutir o que poderá ser uma ULS 2.0.V A USF-AN vê potencialidades numa ULS 2.0 e pretende participar num plano estratégico de mudança para a revisão do modelo ULS 1.0.
Necessitamos de investimento, necessitamos da reformulação do pensamento! É tempo para fazer acontecer! A ULS 2.0 tem de ter a capacidade de enquadrar a mudança necessária e as boas lideranças, que terão de emergir, de a fazer acontecer. Temos de ser criativos e rápidos dado o pouco tempo que temos para operacionalizar uma ULS “diferente” desenhada sob os princípios de uma ULS 2.0. É neste sentido que estaremos presentes na 4ª conferência da iniciativa “Estados Gerais sobre Saúde – Salvaguardar e Transformar o SNS”, dia 30 de junho no Auditório Municipal de Setúbal, organizada pela Fundação para a Saúde – SNS, à qual agradecemos o convite. Pode assistir abaixo.
A Direção